O Ministério Público do Rio de Janeiro decidiu recorrer da decisão que absolveu sete pessoas acusadas de incêndio culposo no Ninho do Urubu, o centro de treinamento do Flamengo. O incêndio aconteceu em fevereiro de 2019 e resultou na morte de dez adolescentes, que eram jovens atletas do clube, além de deixar três feridos. O recurso foi protocolado por promotores do Gaedest e da 36ª Vara Criminal da Capital, que alegam que a tragédia foi consequência de negligência e omissões de dirigentes e responsáveis técnicos, que deveriam assegurar condições seguras no alojamento.
Os promotores destacaram que o Ninho do Urubu funcionava de forma irregular, sem alvará e com várias notificações do Ministério Público e autuações da Prefeitura, o que o tornava um local perigoso. Para eles, os responsáveis tinham a obrigação de garantir alojamentos adequados, incluindo materiais anti-chamas e saídas de emergência, além de manter os sistemas de ar-condicionado e disponibilizar monitores para a segurança dos adolescentes. Em outubro, o juiz Tiago Fernandes de Barros absolveu os réus, afirmando que não havia provas suficientes para estabelecer a culpa penal.
A decisão gerou protestos das famílias das vítimas, que se sentiram desrespeitadas. A Associação dos Familiares de Vítimas do Incêndio do Ninho do Urubu se manifestou, afirmando que a absolvição é uma afronta à memória dos jovens e à sociedade. Eles destacaram que a falta de responsabilização reforça a sensação de impunidade e fragiliza a proteção dos menores em instituições esportivas.
Agora, o Ministério Público busca reverter essa decisão, enquanto a sociedade continua a acompanhar o desenrolar do caso, na esperança de que a justiça seja feita.