Em 29 de outubro de 1945, Getúlio Vargas renunciou à presidência do Brasil, encerrando um período chamado Estado Novo, que durou de 1937 a 1945. Essa renúncia foi forçada pelos militares e marcou o fim de um regime que prendeu e torturou opositores, além de centralizar o governo e envolver o Brasil na Segunda Guerra Mundial. Apesar de ser menos lembrado do que a ditadura de 1964, o Estado Novo utilizou métodos de repressão semelhantes, como o Tribunal de Segurança Nacional (TSN), que julgava os acusados em apenas cinco dias e permitia apenas recursos dentro do próprio tribunal.
Durante o Estado Novo, mais de 10 mil pessoas foram julgadas pelo TSN, com 4.099 condenações, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas. Documentos da época revelam um cenário de abusos, incluindo torturas. Militares e opositores políticos, especialmente comunistas, eram frequentemente alvos da repressão. Entre os presos estavam figuras como Luís Carlos Prestes, Carlos Marighella e a ativista Pagu, que relataram ter sido torturados. A polícia política, chefiada por Filinto Müller, usava a tortura como forma de vingança pessoal contra seus inimigos políticos.
Após a queda de Vargas, houve tentativas de investigar os crimes cometidos durante seu governo, mas essas investigações não avançaram. O sentimento pró-Vargas perdurou entre a população, especialmente entre os mais pobres, devido a conquistas como direitos trabalhistas e a industrialização do país. Isso fez com que os abusos do Estado Novo fossem menos lembrados em comparação aos da ditadura militar. A percepção de Vargas como um líder que promoveu melhorias na qualidade de vida e na soberania nacional ainda ressoa, mesmo com os graves abusos de direitos humanos que ocorreram durante seu regime.