Nesta quinta-feira (30), em Brasília, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, participou de um debate sobre o livro “A Palavra e o Poder”. Durante a conversa, que também contou com a presença de outros especialistas, ela destacou que a democracia brasileira enfrenta desafios, especialmente no que diz respeito à desumanização e à falta de compromisso com a maioria da população. Marina citou o sociólogo Darcy Ribeiro ao falar sobre a “ninguendade”, uma condição que, segundo ela, ainda persiste no Brasil.

O debate foi mediado pelo professor Rodrigo Tavares, que organizou o livro em parceria com jornalistas. A obra reúne 40 artigos publicados na Folha ao longo de quatro décadas de democracia, além de comentários de outros autores. Entre os debatedores, estavam Ana Flavia Magalhães Pinto, professora da Universidade de Brasília (UnB), e Marcos Terena, líder indígena. Terena criticou a dificuldade do Estado em demarcar terras indígenas, apontando a falta de diálogo como um dos principais obstáculos. Ana Flávia lembrou de um evento recente no Rio de Janeiro, onde uma operação policial resultou na morte de 121 pessoas, o que, segundo ela, evidencia a fragilidade da democracia no país.

Por outro lado, Vinicius Mota, secretário de Redação da Folha, defendeu a Nova República, afirmando que ela conseguiu criar um espaço para a autogestão da sociedade. Ele reconheceu que problemas como a demarcação das terras indígenas e a violência policial precisam ser urgentemente resolvidos. Marina também comentou sobre a próxima conferência do clima da ONU, marcada para novembro em Belém do Pará, ressaltando a necessidade de que as metas de redução de emissões sejam mais ambiciosas. Ela ainda criticou o aumento abusivo nas tarifas de hospedagem para o evento, afirmando que os governos estão buscando soluções dentro da legalidade, mas que os processos são lentos.