Na terça-feira (21), o juiz Tiago Fernandes de Barros, da 36ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, absolveu sete pessoas acusadas de incêndio culposo no Ninho do Urubu, o centro de treinamento do Flamengo. O incêndio, que aconteceu em fevereiro de 2019, resultou na morte de dez adolescentes e feriu outros três, todos jovens atletas do clube. A decisão do juiz foi baseada na falta de provas que demonstrassem a culpa penalmente relevante e na impossibilidade de estabelecer uma ligação clara entre as ações dos réus e o incêndio.

Entre os absolvidos estão Márcio Garotti, diretor financeiro do Flamengo, e outros diretores e engenheiros envolvidos na manutenção do centro. O Ministério Público havia solicitado a condenação dos sete réus após ouvir 40 testemunhas durante um processo que se arrastou por quatro anos. Inicialmente, onze pessoas foram denunciadas, mas algumas tiveram os casos rejeitados ou foram absolvidas. A promotoria alegou que a tragédia poderia ter sido evitada, citando a falta de um alvará e irregularidades nos sistemas elétricos e de manutenção dos aparelhos de ar-condicionado.

O incêndio começou devido a um curto-circuito em um dos equipamentos, que, segundo a investigação, funcionava em condições inadequadas. Além disso, os alojamentos dos atletas apresentavam falhas significativas, como janelas gradeadas e portas que emperraram durante a emergência, o que dificultou a fuga. A perícia técnica confirmou que o material inflamável utilizado nas chapas de aço contribuiu para a rápida propagação do fogo.

Com essa decisão, a discussão em torno da segurança em centros de treinamento volta à tona, e muitas pessoas permanecem atentas às possíveis mudanças que podem ocorrer nas normas de segurança. O Flamengo e o Ministério Público devem agora avaliar os próximos passos em relação à segurança dos jovens atletas e ao funcionamento do centro.