Na noite de quinta-feira (16), alguns dos principais cientistas políticos do Brasil se reuniram para discutir a situação política do país durante uma mesa de debate na 49ª edição do Encontro Anual da Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais). O tema do debate foi “A democracia brasileira em outubro de 2025”, em um momento marcado pela recente condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e a proximidade das eleições. Participaram do evento especialistas de instituições como Uerj, UFRGS e FGV-SP, sob a coordenação de Maria Hermínia Tavares de Almeida, também colunista da Folha.
Os especialistas destacaram a instabilidade da democracia brasileira, evidenciada pela crescente fragmentação partidária. Silvana Krause, da UFRGS, mencionou que essa fragmentação reflete não apenas o cenário local, mas também crises em democracias europeias como a da Alemanha e da França. Ela apontou que o “centrão” não possui uma liderança forte no cenário nacional, o que pode favorecer um momento favorável para o governo atual. Por outro lado, Argelina Figueiredo, da Uerj, ressaltou a distância ideológica entre o Executivo e o Legislativo, o que contribui para a instabilidade, mas ao mesmo tempo, não elimina a capacidade do governo de operar dentro do presidencialismo de coalizão.
Oscar Vilhena, da FGV, discutiu o papel do STF, afirmando que a corte não usurpou poder, mas atua em resposta à omissão de outras instituições. Ele sugeriu que o STF deveria focar em ser uma corte constitucional, o que exigiria mudanças na Constituição, um processo complexo. Antonio Lavareda, do Ipespe, contestou a ideia de que a polarização impede mudanças na opinião pública, enfatizando que eventos como os de 8 de janeiro são frutos de radicalização, não de polarização.
Para quem quer acompanhar essas discussões, o Encontro Anual da Anpocs segue até 24 de outubro, com diversas mesas e conferências sobre temas relevantes. É possível acessar informações sobre o evento e as apresentações diretamente no site da Anpocs.