Na primeira semana de julgamento da trama golpista, que ocorreu no Supremo Tribunal Federal (STF), os advogados dos réus adotaram um tom de reverência inusitado ao se dirigirem aos ministros. Durante as sustentações orais, houve uma série de elogios, com referências culturais que iam de obras de Gonçalves Dias a Lewis Carroll. Segundo a especialista em direito penal da FGV, Luisa Ferreira, essa abordagem, embora não comum, reflete um receio dos defensores em criticar os magistrados, que têm enfrentado ataques recentes. Ela comenta que a estratégia de elogios pode ser um esforço para suavizar a tensão da audiência.

Os advogados, como Demóstenes Torres, que defende o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, e Cezar Bitencourt, que representa Mauro Cid, ex-ajudante de Jair Bolsonaro, não hesitaram em gastar boa parte do tempo falando sobre as trajetórias dos ministros. Torres, por exemplo, dedicou 21 minutos apenas para lembrar a história dos magistrados. Entretanto, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, não se deixou levar por esse clima e fez uma intervenção ao corrigir informações sobre urnas eletrônicas, reafirmando que elas são auditáveis há anos.

Para quem se interessa em acompanhar o que está acontecendo, as sessões do STF podem ser vistas ao vivo pela TV Justiça e pelo site do tribunal. Além disso, o público pode acessar os documentos do processo através do portal do STF e fazer denúncias ou comentários por meio de canais oficiais disponíveis online. Com o julgamento em andamento, as próximas semanas devem trazer mais audiências e decisões sobre o caso, com a expectativa de que novos desdobramentos ocorram nos próximos dias.