No Dia da Consciência Negra, o presidente Lula (PT) anunciou a indicação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (STF), gerando descontentamento entre ativistas que pedem mais diversidade na corte. Atualmente, a composição do tribunal conta com apenas uma mulher, Cármen Lúcia, e a maioria dos integrantes se identifica como homens brancos. A escolha de Messias, que ocupa a vaga deixada por Luís Roberto Barroso, é a terceira indicação de Lula para o STF em seu atual mandato, seguindo Cristiano Zanin e Flávio Dino.

Organizações que defendem a inclusão de mulheres e pessoas negras no STF já se mobilizavam para pressionar o presidente a considerar a diversidade nesse processo. Mesmo com a assinatura de decretos para desapropriações de terras quilombolas em 14 estados, Lula optou por fazer a indicação de um de seus auxiliares mais próximos, o que deixou muitos ativistas desapontados. O advogado José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, expressou a frustração com a falta de representatividade, ressaltando que essa decisão pode impactar a sociedade de forma negativa.

Os movimentos Coalizão Negra por Direitos e Mulheres Negras Decidem, que já tinham uma marcha programada em Brasília para o dia 25, criticaram a escolha nas redes sociais e reafirmaram sua mobilização. Em nota, os grupos destacaram que essa decisão perpetua um padrão histórico de exclusão e que é necessário um compromisso com a igualdade nas próximas nomeações, não apenas no STF, mas em todas as instâncias do Judiciário.

O ministro do STF André Mendonça, por outro lado, elogiou a indicação de Messias, afirmando que ele é um nome qualificado e que terá seu apoio nas interações com o Senado. Mendonça, que foi indicado ao STF pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, é o primeiro membro da corte a se manifestar positivamente sobre a escolha de Lula.