Cuba, famosa por sua tradição no boxe, perdeu um grande nome no dia 21 de outubro com a morte de Otílio Olivè Toledo, aos 64 anos, vítima de um câncer. Otílio fez parte da equipe cubana que brilhou nas Olimpíadas de Barcelona em 1992, conquistando sete medalhas de ouro e duas de prata. Ele se mudou para o Brasil em 1996, atraído pela oportunidade de trabalhar em uma academia de São Paulo, onde começou a deixar sua marca no boxe brasileiro.

Durante sua longa trajetória, Otílio foi fundamental na modernização dos treinos no Brasil, inspirando-se no modelo cubano. Em 2000, assumiu o cargo de coordenador técnico da seleção brasileira e, ao longo de 26 anos, estruturou a equipe nacional, criando a seleção permanente. Seu trabalho começou a dar frutos a partir de 2012, quando o Brasil conquistou duas medalhas de ouro, duas de prata e quatro de bronze, encerrando um jejum de 44 anos desde a última medalha olímpica na modalidade.

Otílio, que tinha formação em cultura física e esportes, deixou um legado que vai além das medalhas. Ele formou discípulos que hoje ocupam posições importantes no boxe nacional, como Mateus Alves, atual coordenador técnico da seleção. Mateus lembra com carinho do mestre, que não só ensinou técnicas de treinamento, mas também compartilhava histórias marcantes do boxe mundial em momentos descontraídos, sempre acompanhados de uísque e rock.

Sua conexão com o Brasil foi forte, mas Otílio nunca esqueceu suas raízes, mantendo o apoio aos conterrâneos em Cuba. A contribuição dele na história do boxe brasileiro é inegável, e sua partida deixa uma lacuna significativa. Marcos Cândido de Brito, presidente da CBBoxe, ressaltou que Otílio foi mais que um profissional exemplar; foi um amigo e referência, e seu legado será sempre lembrado.