Na última terça-feira, 28 de setembro, uma megaoperação contra a facção Comando Vermelho no Rio de Janeiro resultou em 121 mortes, tornando-se a mais letal da história do Brasil. Essa ação trouxe à tona a questão da segurança pública, que se tornou um tema central nas discussões do governo Lula. Segundo pesquisa do Datafolha, 57% dos moradores da capital e da região metropolitana consideraram a operação um sucesso, enquanto 39% discordaram. A ação, que foi promovida pelo governo do estado, acabou ofuscando outros assuntos que estavam em pauta, como as negociações econômicas que envolvem o tarifaço do governo Trump.

Diferente do que se esperaria, Lula não criticou publicamente a operação e evitou comentários diretos sobre o caso, o que deixou a cargo da oposição as manifestações sobre o que muitos chamaram de “chacina”. Durante um evento em que Guilherme Boulos assumiu a Secretaria-Geral da Presidência, houve um minuto de silêncio pelas vítimas, mas Lula se limitou a falar apenas sobre a necessidade de um “trabalho coordenado” contra o tráfico de drogas. Aliados do presidente afirmam que essa postura foi uma estratégia para evitar qualquer declaração que pudesse ser usada contra ele.

A repercussão da operação também levou governadores de direita a se reunirem no Rio para apoiar a ação e anunciar a criação do chamado “Consórcio da Paz”, que visa unir esforços no combate ao crime organizado. Embora a segurança pública seja uma competência dos estados, figuras do governo Lula reconhecem que essa situação pode impactar negativamente a imagem do presidente. Nos próximos dias, o governo deve se concentrar em acelerar a tramitação de propostas ligadas à segurança, incluindo a PEC da Segurança Pública, para tentar restabelecer a narrativa em favor do governo. Para quem quiser acompanhar as discussões sobre segurança pública, as sessões e documentos podem ser acessados nos sites oficiais das assembleias estaduais e do Congresso Nacional.