Na semana em que Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão pelo STF, a polarização política no Brasil ganhou destaque, especialmente em grupos de WhatsApp e Telegram. De acordo com a Palver, mais de 100 mil grupos analisados mostraram que a discussão se intensificou com três eventos significativos: o julgamento de Bolsonaro, o assassinato do conservador americano Charlie Kirk e os protestos no Nepal após o bloqueio de redes sociais. O julgamento, que começou na semana anterior, levou a uma onda de mensagens nos grupos de direita, com ataques a ministros do STF e comentários sobre o voto divergente de Luiz Fux, que gerou discussões sobre a competência da corte.
Na quinta-feira (11), surgiram vídeos manipulados de Fux, aumentando suas menções nas redes, superando as de figuras como Lula e Bolsonaro. Nos grupos de esquerda, a decisão de Fux foi criticada, com acusações de incoerência e alinhamento com a direita, relembrando decisões passadas do ministro que variavam entre posturas punitivistas e garantistas. Ao mesmo tempo, o assassinato de Charlie Kirk, ocorrido em Utah, se tornou uma narrativa forte, com 477 menções a cada 100 mil mensagens, sendo visto como um exemplo de perseguição à direita e associado a Donald Trump.
Por outro lado, a situação no Nepal, onde o primeiro-ministro banou 26 redes sociais, resultou em protestos violentos que deixaram 19 mortos no primeiro dia. Este evento foi utilizado para fortalecer narrativas no Brasil, ligando a censura digital à repressão política. A comparação entre o caos no Nepal e o julgamento de Bolsonaro foi feita em grupos de direita, que incentivaram reações violentas, buscando relacionar a situação política brasileira à de outros países. Esses casos demonstram como a polarização transcende fronteiras e é manipulada conforme a conveniência dos grupos envolvidos.